Fui uma sortuda
porque tive 2 momentos "Clube dos Poetas Mortos" na minha vida. Fui uma previlegiada porque tive 2 professores quem marcaram para sempre a minha vida.: um aos 16 anos e outro já na faculdade. A mesma doença levou os dois. O Sérgio Andrade, professor de História de Arte e conservador do Museu de Arte Antiga, em 1999. Agora José Rodrigues da Silva, o meu professor de jornalismo do liceu e ex-chefe de redacção do Jornal de Letras.
Dele retenho até hoje dois "ensinamentos":
Para ele as fotografias eram o espelho do sentimento do fotógrafo relativamente ao objecto fotografado. Se uma foto "ficava bem", era porque o objecto fotografado era amado... e acho que tinha razão.
Era um aficionado de cinema. Amava Paris porque havia cinemas à antiga, como dizia! Para ele os filmes eram para ser vistos na primeira fila. Porquê? Para evitar que algo se sobrepusesse à experiência religiosa que era ver um filme.
Mas havia coisas que nos ultrapassavam... Lembro-me de um dia nos recomendar ir ao Tivoli ver o "Morangos Silvestres" do Ingmar Bergman. Dizia-nos que era um filme de uma vida. Eu, a T. e a S. lá fomos, armadas em intelectuais ver um filme sueco. Iamos morrendo, porque aos 16 anos não se consegue apreciar este tipo de obras... eheheh
Recordo com saudade as suas aulas às 8 da manhã, perfumadas com o cheiro do seu cachimbo, sempre aceso. Os seus óculos, as suas barbas e o facto de ser a primeira pessoa que conheci que se recusava a ter e ver televisão... Vi-o pela última vez há uns anos largos na Avenida da Liberdade. Não se lembrava de mim. Mas hei de recorda-lo para sempre.
O blogue do Jornal de Letras presta-lhe a mui devida e merecida homenagem, bem como outras publicações.
3 Comentários:
Às vezes, só muito mais tarde, é que nos damos conta da sorte que temos... é natural, faz parte do processo de crescimento:)**
Aqui fica a homenagem!
Só quem tem grandes mestres que é capaz de sentir isso. Compreendo-te*
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