Por favor… não me tirem os malmequeres…

Não sou do tempo em que farmácia se escrevia com ph – isso é do tempo do meu avô – mas nas minhas aulas de físico-química – tive de decorar com todo o afinco alguns símbolos e, garanto-vos que o símbolo químico da água era nessa altura OH2 e o do ácido sulfúrico, também denominado dos cábulas – pois não havia quem não o soubesse – era, garanto-vos, SO4H2.
Levávamos tempo sem fim a dividir orações: sujeito, predicado, complemento directo, indirecto, circunstanciais… enfim, toda uma nomenclatura que já se não usa e… cuidado, porque ainda aparecem por aí os TLEBS!!!

Todo este arrazoado para falar dos meus malmequeres…

Aqui há tempos, o jardineiro da RM disse-me com o ar mais feliz do mundo:
- Já viu os ariopes como estão mais bonitos?
- O quê? disse eu
- Os ariopes – e mostrou-me um tufo de malmequeres amarelos que estavam com uma bonita floração.
- Mas são malmequeres…
- Não, isto são ariopes. Teimou como qualquer técnico de jardinagem seguro dos seus conhecimentos.
Calei-me…

Mas há uns dias, ao ver um programa de televisão em que se mostravam bonitos arranjos florais, a apresentadora, ao falar de um deles, comentou: “e que bonito este feito com malmequeres” (por sinal amarelos como os meus) - mas logo a “técnica” que os tinha levado, afirmou: não são malmequeres, são ariopes…
Fiquei sem fala… nem sei se estou a escrever bem a palavra, pois não consigo encontrá-la em nenhum dicionário, mas não me conformo. Já imaginaram aquela cantiga com a letra mudada de acordo com esta nova designação???
- “Oh ariopes mentiroso, quem te ensinou a mentir”… e depois “desfolhei um ariopes no lindo jardim de Santarém…”
E ao desfolhá-lo o que diremos: “ele ariopa-me, ele não me ariopa"…

Nãããããooo!!! Quero continuar a dizer mal-me-quer, bem-me-quer, muito, pouco, nada…

Por favor…podem mudar tudo, mas não me tirem os malmequeres!!!