Mais Uma Página 100
Andar em Paris dava-lhe uma satisfação imensa, não se cansava de olhar para os edifícios, para as pontes sobre o rio, para as torres das igrejas, e pensar que amava profundamente esta sua cidade, este seu país. Mas agora tinha pressa. Queria dar os parabéns ao pai, queria ser a primeira a lançar-lhe sobre o colo o jornal que comprara na rua, e onde o seu nome vinha impresso. E queria ser ela a abrir a porta ao tio Aumale, que certamente acorreria imediatamente ao palácio da rua de Varenne, que a duquesa de Galliera colocara ao serviço daquele que já considerava rei de França, por entender que não podia, nem devia, continuar escondido numa vila normanda.
Estava ao fundo da rua quando o viu sair da carruagem. Estacou por segundos e respirou fundo. Aumale vinha vestido a rigor. Como se fosse engolida pelo tempo, deu por si, com quatro ou cinco anos, a olhar para a casaca, as calças, o chapéu e as faixas que secavam ao sol na imensa relva, verde, verde, de Orleães House, mesmo ao lado da sua querida York House. A memória era tão viva que parecia absolutamente real: o tio, muito direito, a brisa a levantar o seu cabelo arruivado, tão parecido com o de Phil, e o braço a apontar para cada uma das peças, enquanto lhe explicava o simbolismo das cores da casaca vermelho-viva com a sua gola alta, bordada a dourado, das faixas de tons diferentes para diferentes ocasiões, do chapéu de plumas pretas, e a história das dezenas de medalhas e condecorações. A farda de um oficial do exército francês, que vestira em serviço na Argélia, onde fora governador, e que estendia ao calor do Verão para a libertar do bolor do Inverno inglês.»
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